Formas farmacêuticas


1.      Operações farmacêuticas

É importante que o farmacêutico conheça as operações farmacêuticas, antes de produzir um determinado medicamento. Para se chegar à forma farmacêutica final podem usar-se várias operações combinadas ou mesmo pode usar-se apenas uma operação farmacêutica.
Para uma melhor compreensão do que deixàmos dito tomemos o exemplo de preparação de um pó a partir de uma raíz: antes do mais teriamos que tomar como operação preliminar a lavagem e posterior secagem, seguindo a divisão grosseira e posterior pulverização que seria finalizada com a tamização.

Existe uma classificação das operações farmacêuticas que achamos ser a mais simples e que de forma didática ajudanos a compreender de forma claramente os aspectos que iremos abordar nos subtemas subsequentes a este. Estas classificações encontraramos no livro Técnica Farmacêutica e Farmácia Galênica Volume I (4ª Ed) de PRISTA e outros: operações mecânicas e físicas com a intervenção do calor ou frio.

1.1.            Operações mecânicas

As operações mecânicas correspondem somente ao tratamento do aspecto físico da droga sem, no entanto, alterar as suas caraterísticas químicas. Assim recorre-se às operações mecânicas quando queremos fazer separações de drogas ou partes das mesmas e também quando queremos fazer divisões da mesma.

As operações de separação são classificadas em: monda ou triagem, tamização, levigação, decantação, expressão, centrifugação, filtração, clarificação, divisão grosseira, pulverização, polpação, e emulsificação.

De todas opreções que enumeramos acima, nos fixaremos a explicar a triagem, tamização, pulverização e polpação. Quanto as restantes operações nos limitaremos a dar definições necessárias para compreensão do consites cada uma, já que iremos abordar um pouco de cada operação quando estivermos a estudar cada forma farmacêutica.

1.1.1.      Definições

a)      Levigação – é um processo pelo qual se separa partículas sólidas e que, usando-se um líquido (geralmente água), tem de haver no final sedimentação. Isto quer dizer as partículas leves serão separadas das mais pesadas. Há veses que o processo é feito através do arraste das partículas menos densas.

b)     Dencantção – este processo separa líquidos imiscíveis ou mesmo sólidos de líquidos, em que este último deve estar depositado no fundo do recepiente utilizado para o procedimento. Assim, o líquido sobrenadante é removido no final.

c)      Expressão – por este processo separam-se líquidos de sólidos, despresando a parte sólida (marco) no final.

d)     Centrifugação – com ajuda de um aparelho de nome centrifugadora separam-se líquidos imiscíveis ou mesmo sólido de um líquido, baseiando-se para o efeito a diferença de densidade neles e també é crucial que um deles seja, obrigatoriamente, líquido.

e)      Filtração – consegue-se filtrar quando, de preferência, houver partículas sólidas suspensas num líquido e fizer passar essa mesma mistura, com pressão, sobre uma superfície porosa (filtro).

f)        Clarificação – como o nome indica objetiva-se por esta operação separar do líquido as finas partículas ou mesmo substancias de aspeto coloidal que dê a turgescência a nossa forma farmaceutica. Geralmente, procura-se aglutina-los por um ou vários métodos estas partículas ou substancias seguindo-se outros métodos acima referidos.

g)      Divisão grosseira – esta operação precede as de pulverização e extração. Isto quer dizer a divisão grosseira torna apta a droga para uma posterior pulverização e/ou extração.

h)     Emulsificação – processo pelo qual se mistura dois líquidos imiscíveis, geralmente, com ajuda de um agente emulsivo.

1.1.2.      Triagem

Com esta operação pretendem-se separar sólidos, isto é, separação das partes inerte ou alterada daquelas que podemos considerar ativa. Este procedimento pode fazer-se à mão ou mesmo usando materias específicos como o crivo e algum sistema de ventilação ou mesmo usando líquido (geralmente água e/ou álcool). Assim podemos separar folhas dos caules, terra das raízes, poeira das folhas, ramos do caule. Esta operação é usada geralmente para drogas vegetais.

1.1.3.      Tamização

A tamização é, portanto, usada para separar sólidos de diferentes tamanhos. O tamiz usado deve possuir, efetivamente, uma malha em que o tamanho dos seus orifícios facilite a passagem de partículas que seja como é evidente, menor que eles. Assim, a tamização também é usada para garantir uma melhor homogeinidade e tenuidade de um pó.

Existem geralmente dois tipos de tamizes: o que tem uma tampa ou um tamiz simples. Para a tamização usa-se uma técnica simples de movimento para o lado esquerdo depois do esquerdo para direito, vice-versa. Não se pode pressionar o tamiz quando o material a tamisar não passar todo, o correto seria pulverizar de novo o que não passou pelo tamiz para voltar a tamizar, pois o contrário iria destruir os orifícios do tamiz e permitir passar partículas maiores do que o desejado.

Sempre que se for a trabalhar numa droga tóxica é melhor usar um tamiz com tampa. Geralmente estes tamizes possuem três partes: a tampa, o tamiz propriamente dito e a parte de recipiente que irá receber o pó tamizado.

1.1.4.      Pulverização

Esta operação é a mais importante no que concerne a divisão mecânica e consiste, sem dúvidas, na divisão ou redução de uma droga a pó – partículas mais finas possíveis. Porém, para se alcançar o que foi dito atrás muitas operações devem ser observadas constituindo assim três fases: fase preliminar, pulverização propriamente dita e faze de acabamento.

1.1.4.1.            Fase preliminar

Nessa fase seguen-se a monda, a divisão grosseira, a secagem e a estabilização. Já nos referimos da monda e da divisão grosseira, quanto à secagem[1] é importante saber que é crucial para que haja uma boa pulverização e, geralmente, ela é feita em estufas com temperaturas entre 40 e 45ºC. É claro que nem todas as drogas podem permanecer ricas em seus princípios ativos após a exposição da temperatura supracitada, para tal recorre-se a secagem a temperatura ambiente ou mesmo nas estuffas usando 25ºC, a exemplo deste último caso são: drogas contendo essências e/ou substâncias alteráveis ou drogas que amolecem durante o aquecimento.

O uso e drogas secas podem falhar se não possibilitarmos a estabilidade da mesma, a estabilização das drogas consiste na desnaturação das proteinas que desempenham função de enzimas já que estas catalizam reações químicas e em muitos casos destruindo princípio ativo ou, nalguns casos, favorecendo formação de substâncias muito ativas que as primeiras. Porém, o farmacêutico deve estar dotado de conhecimentos do reino vegetal e conhecer as caraterísticas dos seus constituintes (princípios ativos) para saber quando usar as possíveis operações preliminares. A estabilização pode conseguir-se levando a droga a uma autoclave e elevar a temperatura a superiores que 60ºC, casos há que o uso de álcool para estabilização da droga deve ser considerado, mas não devemos nos esquecer de que pode nalgum momento haver esgotamento da droga.

1.1.4.2.            Pulverização propriamente dita

Iremos nos prender a pulverização em pequena esccala – para farmácias de oficina. Nesta escala de pulverização usam-se almofarizes e a de porcelana é a mais destacada, no entanto existem muitos tipos de almofarizes (de madeira inclusive). As técnicas usadas para pulverizar são duas: contusão e triturração. Na primeira técnica a droga é colocada no fundo do almofariz e depois é contundida com o pilão no sentido vertical, já na segunada técnica a droga é triturada começando pelo centro do almofariz e fazendo-se movimentos em espiral até as extremidades do almofariz.

É sempre bom colocar no almofariz pequenas quantidades da droga a pulverizar e ir fazendo a pulverização aos poucos até terminar a pulverização da droga.

1.1.4.3.            Faze de acabamento (controlo de qualidade do pó)

Nesta fase verifica-se, pela tamização, a qualidade do pó pulverizado. Podemos neste caso acentuar e dizer concordemente que a homogeinidade é imprescindível para que o pó seja de qualidade desejada, isto é, que o pó seja grosso, ordinário, fino ou finíssimo. A farmacopeia americana (USP XXII) esclarece o muito bem como se chegar a este objetivo.

1.2.            Operações físicas na presença, obrigatória, de frio ou calor.

 Neste subtema não nos prenderemos a explicar ou definir todos os processos, apenas nos restringiremos a enumerá-las: refrigeração, evaporação, secagem, liofilização, sublimação, torrefação, carbonização, calcinação, cristalização, fusão e destilação.

2.      Classificação das formas farmacêuticas

Forma farmacêutica é a forma final de se apresentar os medicamentos, para se chegar a esta apresentação o farmacêutico deve se dispor de práticas sólidas e experiências na área de preparação e requer um bom conhecimento das operações apresentadas acima.

É muito complicado classificar as formas farmacêuticas: alguns autores optam em classificalas pera sua apresentação física e outros pela forma de ser obtido. Nesta disciplina nos limitaremos a classificar de acordo com sua forma de obtenção e, nalguns casos, de acordo com o local de aplicação, assim teremos:

·         Formas farmacêuticas obtidas por divisão mecânica: Espécies, Pós, Granulados, Comprimidos, Drágeas, Pílulas, grânulos, bolos e Cápsulas.

·         Formas farmacêuticas obtidas Formas farmacêuticas obtidas por extração mecânica e dispersão mecânica: Sucos, Emulsões, Dispersões coloidais e Suspensões.

·         Formas complementares das suspensões, formas farmacêuticas obtidas por dispersão molecular e formas farmacêuticas obtidas por destilação: Hidróleos, Sacaróleos líquidos, Acoóleos, aerossoles, Gliceróleos, Eteróleos, Enóleos, Acetóleos, Oleóleos, Extractos, Formas farmacêuticas complementar dos extractos e águas destiladas ou hidrolatos.

·         Formas farmacêuticas obtidas por operações complexas ou múltiplas: formas farmacêuticas de aplicação na pele e formas farmacêuticas de aplicação rectal: Pomadas, Loções, Linimentos, Sabões, Emplastros, Cataplasmas, Sinapismos, Supositórios, Reto-tampões, Enemas.

·         Formas farmacêuticas de aplicação vaginal e uretral: Óvulos, Comprimidos vaginais, Pomadas de aplicação vaginal, Cápsulas de gelatina mole, Aerossóis vaginais, Injeções vaginais e Velas.

·         Preparações para aplicação oftálmica, soluções para aplicação nasal e soluções auriculares.



[1] Aqui tratamos de secagem completa, isto quer dizer não deve ser encontrada, no final, humidade na droga que queremos reduzir a pó.

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